ORIGEM E REVELAÇÃO NA ADOÇÃO

O que seria a revelação na adoção? Será que em todos os casos precisamos revelar para a criança que ela não veio de nós? Essa é uma pergunta frequente.
O certo é que a adoção pode resultar em problemas quando não são tomados os devidos cuidados com relação a origem da criança, havendo segredos com relação à estas informações.
Em oposição à confiança está o segredo, e sem confiança, as relações tendem a se tornar uma farsa, e por consequência emergir agressão e injustiça. Na adoção, manter o segredo sobre a origem da criança, é criar uma situação totalmente injusta ao próprio filho, visto que os pais adotivos, a família biológica e a maioria dos familiares acabam por saber da situação envolvendo a criança e sua história, e a criança é aquela com maior direito de saber sobre sua própria história.

 

Peiter (2011), em sua experiência com pais adotivos e pretendentes à adoção, percebe a angústia e a dificuldade existente quando o assunto é a origem da criança e quando há a tarefa de abordar a situação de sua história, tornando-se este o momento da revelação na adoção, visto que a adoção introduz a diferença que existe da filiação biológica. A mesma autora traz que qualquer revelação que se apresente como uma novidade lhe aparenta ser tardia, já que trazer dados às crianças sobre sua história é importante, mas não sem ajudá-la na possibilidade de assimilação psíquica do que vivera anteriormente. Pontua ainda que a forma como os pais lidarão com a história da criança, o que falam verbalmente ou não e o que não falam sobre, trás significados diferentes ao vivido pela criança, ressaltando que o contar sobre a história da criança permite a possibilidade de elaboração de situações traumáticas.

Outro desafio perante a revelação na adoção, ou seja , falar da origem da criança adotiva, é a insegurança provocada pelo medo da discriminação social e/ou pelo estigma sob a adoção, com a fantasia de que as crianças que passaram por instituições de acolhimento têm um passado que seria motivo de vergonha.
Hamad (2002) apud Peiter (2011) afirma que os pais devem providenciar dispositivos que possibilitem seus filhos adotivos se confrontarem com suas origens desde cedo e, para isso, sugere a criação de um livro narrativo, ilustrado com fotos e que pode funcionar também como um objeto transicional e como uma placenta adotiva, estando entre a realidade do encontro e a fantasia do nascimento.
Você se sente preparado para falar sobre adoção com o seu filho? Para se preparar melhor para adoção, assista o mini-curso Caminhos para uma adoção consciente => https://www.adocaoempauta.com.br/minicurso-2/
Com carinho,
Tatiany Schiavinato
Psicóloga
Atendimentos presenciais e online.